beirando a margem
o menino caminha solto
pernas aos trilhos
a cinco minutos passará um trem
com suas rodas roçando o aço sobre os dormentes
cansados de tanto peso
lá vem o trem
enquanto dormem adultos com as costas cansadas
o menino observa
passa o último vagão
recomeça a solidão
de uma noite escura no quarto de dormir
os olhos do menino permanecem acordados
feito lanterna de locomotiva
logo chega o túnel
até a luz aparecer em seu final
quando recomeçar o outro dia
com as costas descansadas
olhos vivos
de almas já mortas
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