quinta-feira, 28 de julho de 2011

camisetas coloridas

de que servem tantas camisetas coloridas? tantas estampas? gosto mesmo das cores em tudo. as cores em cada canto do mundo. e ainda faltam-me tantos cantos, tantos mundos. das camisetas, prefiro as brancas.

visita

leve-me flores
quando bater à minha porta
estejas com um sorriso estampado na cara
pedirei que entre
e sente
e fale
quando eu cansar
cale
levante
vá embora
(sem as flores)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

nada e tudo

sem nada tudo podemos. contudo, o que faremos? de fato, a tolerância permite um resultado inesperado a longo prazo. enquanto isso, o agora apresenta tantas coisas inóspitas quanto duas horas de pensamentos absortos à sombra de um Ypê amarelo. se o tudo não é tudo, deve haver bem mais coisas no nada. bem mais do que consigamos pensar. assim sendo, não consigo classificar nada e tudo.

sábado, 23 de julho de 2011

à deriva

sem remos
segue o pescador
em seu barco
movido apenas pelo vento
este bordo
vela estufada
furada
estrelas indicam o caminho
e a reza à Iemanjá
para ao porto chegar
e salvá-lo dos dias ruins
quando está longe do mar

silêncio do tempo

a distância e o silêncio
fora do tempo
contemplam o espaço e as palavras

saudade quero ver pra crer

diga-me. por favor, diga-me quem inventou a palavra "saudade"? Se não souber, então explica-me por que inventar tal palavra? o sujeito deve ter sofrido tanto, adoeceu e, analisado por doutores, nada foi diagnosticado. nada tinha. aliás, todos os órgãos e suas devidas funções encontravam-se em perfeito estado. um amigo deve ter perguntado o que lhe fazia tanto mal. o "doente" lembrou do irmão que fora morar num país do outro lado do oceano. E, assim num desabafo, expirou uma palavra que nunca tinha ouvido para definir a falta do estimado irmão: saudade.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

casa

anoiteceu
as estrelas são as mesmas
agora as vejo de outra janela

anúncio

os contornos dos prédios emparelhados. moradas paradas contraluz do poente. céu azul-celeste. anil. eu, ausente. o vento frio em meu rosto. corpo aquecido. blusa cinza. anacrónica. no jornal, vende-se apartamento.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

a vida e tudo o que há

amo a vida
e tudo o que há
no mais
nada de menos

perceba

todo amanhecer
é uma nova paixão
solidão é viver sem razão
(e sempre há razão)

cadarços aos nós na garganta

meus tênis moldam-se aos pés
a cada passada reta, torta
nas quatro direções eu ando
meus cadarços se apertam
com um nó na garganta
sentem vontade de chorar

sexta-feira, 8 de julho de 2011

aqui

de braços soltos
ao vento frio e cortante
caminho sob o Sol
vivo às 21 horas
me aqueço com sonhos
e lembranças