meu silêncio elegante
desconcerta-me
quando o necessário é dizer
não consigo
ponha-se às conversas comigo
para as palavras da minha boca
caminharem aos teus ouvidos
"Transformação incessante e permanente pela qual as coisas se constroem e se dissolvem noutras coisas; vir a ser".
domingo, 30 de setembro de 2012
sábado, 29 de setembro de 2012
foto
o mesmo sol que alegra o dia, vindo depois da chuva, cega-me. não sei por quanto tempo hei de evitar a beleza das coisas. não porque quero ou desgoste, mas por passar despercebida. ou por não saber enxergar para absorver todo o oferecido. sinto calor no frio. os tons cinza e cobre do lado de lá da luz acalmam. é quando controlo as cores. é quando o branco não incomoda aos olhos. é quando a alma arranca-me um sorriso sincero por sentir-se satisfeita. daí, uma simples janela transformar-se-á em poesia, para depois continuar desconhecida.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
love in afternoon rain
poético, meu amor, se você perdesse o telemóvel e as chaves de casa. seria necessário chamar pelo meu nome em direção às janelas. eu correria ansiosa, a derramar café na cama, e a pensar tratar-se de alguma surpresa. com o meu coração a sair pela boca, aflita e ansiosa com toda escorpiana. com a cara estupefata veria você, todo molhado de chuva. iríamos rir simultâneos, de certeza. ficaria imensamente feliz em jogar as chaves para si e esperá-lo à porta. em minhas mãos uma toalha seca para passar em teus cabelos, não sem antes beijar a tua boca ainda mais úmida. amo-te tanto. pensaria ainda mais nesse amor a ouvir o estalar das gotas de água quente do chuveiro, enquanto toma banho. por-me-ia a sorrir sozinha, com outra caneca de café nas mãos. um lindo presente ao final de tarde.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
confiança
aqui, por todos os cantos, há pessoas em prantos. insatisfeitas. jovens sem esperança, dançam como se não houvesse o depois. não sei se carregam aquela vontade de mundo. o amanhã para ontem e o futuro é o futuro. dessa ambiguidade tsunâmica anseia um coração novo. e os corações mais velhos, como estão ou o que esperam? alguns resistem com a mente inteira, preservada. outros pensam no fim como solução. continuar vivo não é brincadeira fácil. requer habilidade e perseverança. nem sei o que dizer das crianças. hoje, vi uma a sorrir só. tal gesto espontâneo fez-me esquecer um pouco de tudo e confiar no rumo natural das coisas. ser parte do ciclo repetitivo, no qual caras como eu persistem em acreditar. por favor vida, não me deixe desiludir.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
um homem solitário com um cigarro
o fumante é solitário. sua única companhia é a palha a brasear. com ela a arder, põe-se a conversar. pensamento é o envolvimento com esse objeto inanimado, que ganha vida ao ser queimado. por alguns minutos, a fumaça sinuosa mostra-se tão indefesa. essa pessoa acredita sair ilesa. pois não. o vício é frenético. assim como a solidão do homem pós-moderno. ele é capaz de trocar o tabaco por bocado de palavras sinceras. deseja esquecer o parceiro inebriante, por vezes, sufocante. ainda assim, essa parceria dura até o fim. quem vai primeiro? tenta livrar-se dele, mas ninguém olha para ele. precisa de alguém sincero. que não custe quatro euros e vinte. enquanto isso, outro cigarro é aceso.
sábado, 22 de setembro de 2012
depois do sonho
antes de perceber
os olhos fechados
acordara de súbito
após sono raso
mergulhado em natureza
desconstruções de beleza
seios e anseios
pusera-se de pé
esfregara as mãos nos olhos
sentira-se embriagado
letárgico
inóspito
agradecera por ser apenas sonho
nada mais
os olhos fechados
acordara de súbito
após sono raso
mergulhado em natureza
desconstruções de beleza
seios e anseios
pusera-se de pé
esfregara as mãos nos olhos
sentira-se embriagado
letárgico
inóspito
agradecera por ser apenas sonho
nada mais
domingo, 16 de setembro de 2012
mãe
as lembranças diariamente rementem-me a ti. em mim, mais do que teu sangue ou nome, existem a presença de espírito, o sorriso, palavras sábias que ainda ecoam num estalo. teus ensinamentos, gestos de amor e humanismo perdurar-se-ão até a minha velhice, porque as coisas boas da vida ficam guardadas na lembrança e no coração de quem é amado. e assim sinto-me: amado e imensamente feliz, como quando precisei de teu colo e afago para melhorar o que não estava bom. amo-te, mãe.
boa parte de mim
boa parte de mim foi embora
tantas outras ainda desconheço
se virassem-me do avesso
de dentro para fora
sem demora
boa parte de mim iria embora
tantas outras ainda desconheço
se virassem-me do avesso
de dentro para fora
sem demora
boa parte de mim iria embora
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