quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

começo...

sem princípios
a vontade de ser meio
chegará ao fim

correr para o amor

a caminhada faz-me sentir o frio nos ossos
pensar na rigidez dos sonhos com olhos abertos
na impossibilidade de fazê-la a mulher mais feliz
mostra a mim o quanto posso destruir um coração
inclusive o meu
vou correr para a morada
amolecer os sonhos
ir ao encontro dela
perder o fôlego para dizer:
- amo-te

esperança em flor

a esperança renasce
como a flor insistente
em estar lá
para o jardim enfeitar

o avesso

atravesso o inverso
estático fico
todo o avesso
mexe comigo

fugi de ti

fugi de ti
com os olhos fechados
abri o meu coração
no meio da tempestade
ouvi o meu nome
avistei-a na escuridão
com o corpo cálido
a estender-me as mãos
fui ao teu encontro
menino perdido
a reviver o encanto

sorriso e choro

se eu não sorrir
o que fazer para existir?
se eu disser que não
ainda assim
aceite o meu sim

aurora
não se vá embora
para eu não chorar
feito criança inocente
no embalo de ninar

tempo

nesta visão do mundo
com tantos miradouros
fico a pensar
no que imaginar
quando o tempo é apenas um imagético epiléptico
calculo-o pelo que vejo ou pelo que viram

sei da contemplação dos templos
da passagem efêmera dos corpos
sei do agora
talvez
penso no dia de amanhã
mas, não

não sei nada do tempo inexistente
é fácil programar o amanhã?
o agora escorre
por toda essa infinita tarde

certo da incerteza

estou certo da incerteza
posso dizer ao acaso que apareça
apenas com hora marcada
quando as luzes não acenderem
a solidão anseia por conversa
e arrisca uma nova amizade
fugir para ficar calado
triste solução
às horas, virá quem há de vir
no mais tardar, o sol fará companhia
às sete da manhã do outro dia

depois da desilusão, a despedida

desiludido com o humano
minha esperança é sua
tome-a
toma-me
como quem entrega a vitória
por não acreditar ser merecedor dos louros
como quem deixa de dizer "amo-te, mãe"
depois da partida
como quem esquece de abraçar o pai
antes da despedida