sábado, 26 de janeiro de 2013

com o ponto

o ponto final desaponta a continuidade da frase.
porém, aponta para um recomeço ou nos leva à perenidade daquilo que até então já fora escrito (e lido).

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

ponto

a descontinuidade da vida
interrompida
acordou com vontade de viver
de morder a vida feito maçã
enquanto o texto
aquele texto
recebeu um ponto final
sem retorno
hora de recomeçar

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

oração

gente feliz
chora
gente infeliz
sorri
resmunga para si
outro de si
o mundo não é meu
só teu
da vida sou aprendiz
é o que se diz
mesmo em silêncio
palavra ecoa
dádiva!
num momento de prece
se esquece
se levanta
e segue à toa

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

rugas são

sempre em desalinho para o homem preocupado com a idade, o tempo é um vilão para quem o controla ou deseja controlá-lo. rugas, meu caro, são tão necessárias quanto se faz necessário respirar. 

pescaria urbana

eu vi uma pescaria na praça de D. Pedro IV. era peculiar. numa das fontes, uma pessoa lançava um cordame à água cristalina que jorrava das conchas das mulheres-sereias. ali, onde centenas arremessam alguns trocos para os diversos pedidos serem aceitos, atendidos. ali, o produto dessa troca era içado por um anzol feito de pedaço de ímã. banhadas por aquelas águas, de lá saíam as moedas. aquelas pequenas metáforas dos desejos, iriam realizar alguns dos desejos do ávido pescador. o que a vontade nos faz? o que a falta nos causa? em que nos transforma a ambição? qual a necessidade que temos do que não nos pertence? fisguei essas e outras questões durante aquela pescaria urbana.