sábado, 30 de janeiro de 2010

estação

luz de outono em teus olhos
todo verão em teu sorriso
a primavera aflorece em meu coração
que não sabe mais o que é inverno
estão guardados os cachecóis e as blusas de lã
num canto do armário
e é lá que vão ficar
cobertos por flores brancas e amarelas

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

dez minutos

Será que chove hoje? Tuas sandálias dão mais leveza aos pequenos pés. Mas, se usá-las, as unhas à francezinha, delicadas, ficarão molhadas. Calce o All-Star branco. Vista a blusinha colorida. Está linda, meu amor. Sempre! Faltam dez minutos para às 14h. Corra para tomar o ônibus. Não esqueça o guarda-chuva. A saudade já aperta. Te amo tanto.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

sábado, 23 de janeiro de 2010

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

lagartixas

Sentei por um instante num banco. Acabara de chover. Uma lagartixa subia pela parede do prédio, parou e olhou para mim. Não perguntou nada. Sequer descobri o seu nome. As ruas estão desertas. Inverno? Parece um final de domingo, dia em que somente elas saem à noite. A consciência é quem condena os homens. E quem condena as lagartixas? Vou dormir sem resposta, enquanto ela permanecerá acordada. Sem dúvida.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

desabafo

E seu eu dissesse tudo? Tudo. Tudo. Sem esquecer de nada. O que farias? Calar-te-ia ou falar-me-iam os ecos de minhas próprias palavras?

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

autoconhecimento

Viu as estrelas espalhadas num pequeno campo através das nuvens que cobriam todo o céu. Amargurou. Perfurou o orifício do olho com agulha. Todo o conteúdo celestial escorreu pela Terra. Era o fim daquele tempo. Um adeus. Tornou-se altivo pelo desejo de destruir uma beleza intacta. O poder do homem não deve ser maior do que a própria natureza. Desejou a chuva. Um deserto chuvoso. Desejou chorar enquanto as gotas grossas e frias o banhavam em seu mar interior. O líquido salgado saia de seus olhos e ardia. Arrependia-se de todo mal que fizera a si. Detestou sentir-se, mas, agora, nessas condições sentimentais à flor da pele, preferia a bênção de seus pecados a carregá-los em seu peito. Levantou enquanto caiam alguns pingos. Os últimos. As nuvens eram passageiras. Não bloqueariam a abóbada celeste pelo resto da noite. Ao trocar de roupa, decidiu mudar de vida. Daquele momento, desejava conhecer tudo o que estivera distante dele: ele.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

desconversadeira

sentei de costas para você
desconversei
emudeci
quando virei o rosto
ameaçou dizer-me algo
progredi em meu silêncio
cabisbaixo
com medo de escutar
porque, só, ouvia
disfarcei
perdi
as palavras fugiram
contigo

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

energia

Suas mãos cobrindo os meus olhos. Todo universo particular numa pintura, de ponta a ponta. Dormi e saí sorrindo. Energia circular. Circulando renovada. Feliz, no meio de carrancas espalhadas pelas ruas, observei. De peito aberto, pensei em mim e em todos. Pensei em ninguém. Me anulei. Momento bom. Bom revê-la tão bem, natureza elevada. Tão bom quanto tomar sorvete de abacaxi e esperar por outra taça.