sábado, 20 de julho de 2013

bossa do adeus

ah, se me lembrasse de você
e pudesse esquecer quem não fui
ah, essa dor no peito
anima tudo o que está desfeito
entre nós

se eu pudesse dizer
tudo aquilo que não disse outrora
quando abri a porta e fui embora
sem dizer adeus

procuro em você
o que eu nem sei
procuro calor para aquecer a dor
esquecer o frio de nós dois

vem para perto de mim
nada para o depois
agora somos dois

prefiro assim
não te afaste de mim
esqueça o que fiz
não peça juiz
para impedir o depois

quinta-feira, 11 de julho de 2013

imagino um filme mudo

a mostrar pés
descalços
calçados
a andar, a correr
pés parados
cenas internas, externas
com diálogos
sem fala
8 mm
16 mm
32 mm
tanto faz
muito gestual
conversas silenciosas
detalhes
metalinguagem com criança
com a minha criança
deixar ela mostrar a verdade para o pai (ator)
traduzir a esperança
mostrar para o ator dela
que ele engana
é enganado
faz um jogo de cena
imagino-me a filmar o meu filho
a conversar com ele pela lente da câmera
a baixar a câmera e olhar nos olhos dele
sentir o close up da verdade
por meio de quem ainda nem sabe falar
mas diz tanto
diz como dizem os filmes mudos
com aquelas mensagens eternas

domingo, 7 de julho de 2013

desilusão além da porteira

porteira aberta
prende quem anseia fuga
num embaraço
feito laço
amarra a consciência
sufoca a crença
ao acreditar
que a liberdade
do outro lado está