segunda-feira, 31 de outubro de 2011

sábado, 29 de outubro de 2011

tattoo

riscamos as pernas
com palavras alheias
tão nossas
marcamos uma ideia
um conceito
que transparece
estado
espírito
sensação
numa frase
todo o coração

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ao vento (ou balanço ao vento)

um homem caminha em busca de si. um homem, esse homem. só. infinitamente questiona-se sobre o que é, quem é, sobre o seu papel. desencadeia mais perguntas. aguarda respostas. procura caminhos. abre trincheiras com verdades e mentiras. pensa. medita. desacredita. revive tempos idos. avista novos tempos. lembranças. esperanças. há dias de sol, às escuras. há dias de chuva, ao gosto de dias ensolarados. concordâncias. dissonâncias. discrepância. são livros dobrados às pontas para pinçar respostas sobre universos individuais e aplicar à imensidão e complexidade do universo coletivo. não há, definitivamente, algo em vão. há vãos. diversos vãos. salvo as nuvens que passam rasteiras e o vento úmido que balança as árvores. as árvores balançam. o homem sente-se balançado por suas questões.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

pequenos hábitos

acende um cigarro ao escuro. gosta da luz provocada pela queima do fumo. beberica o café. não, não. primeiro bebe o café, depois fuma. são tantos cigarros, tantas canecas. tanto faz a ordem. a vida é uma desordem. filosofia barata para quem tem pequenos hábitos. são sete da manhã e o senhor já está para o mundo. depois de vinte anos, largou o whisky há dez dias. e o que lhe resta é o que lhe sobra dos pequenos vícios sociais. não sabe se é domingo ou segunda. a rotina de aposentado é pesada e lenda. a cama desarrumada e os lençóis sujos não desagradam. a cabeça ferve. duas aspirinas servem. no momento é isso. e que venham os últimos dias.

domingo, 16 de outubro de 2011

incompleto

como um terno sem gravata, senti-me incompleto. em razão de não gostar de terno, muito menos de gravata, noto, nesse momento, imensamente feliz, o escrupuloso engano.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

monte olimpo

a escalada
doze deuses
um patamar
eu, um servo
ao encontro
dos lendários
mito ou verdade
desejo a coroa de louros
em minha cabeça

domingo, 9 de outubro de 2011

brisa

a brisa úmida do mar daqui
oriunda da costa daí
beija meu rosto
com gosto de maresia
e saudade de ti

alegria

aos meus pés
foi-se o rio
lá longe
as águas do Atlântico
molham os teus pés
de criança
embalsamados
com areia da praia