permaneci inerte por poucos segundos quando vi rugas na imagem refletida no espelho. era a minha imagem. (susto!) pelo menos, alguns sinais comprovavam isso. a pinta bem próxima do nariz, por exemplo. se não for eu, hei de ser. não acordei disposta. então, lavei o rosto com água bem fria. permaneci de olhos fechados enquando secava a face. olhei novamente e, para minha surpresa, a expressão, as marcas, os sinais continuavam do mesmo jeito. preciso me acostumar com a deformação do tempo. ou a deformação causada por ele. caso contrário, o espelho não terá mais serventia. o que mais me assusta, é não ter reparado em mim. como fiquei assim sem perceber? nada de comprar cremes milagrosos. preciso rir um pouco mais. posso rir de minha velhice despercebida. da minha vaidade aos 90.
"Transformação incessante e permanente pela qual as coisas se constroem e se dissolvem noutras coisas; vir a ser".
segunda-feira, 28 de junho de 2010
sábado, 26 de junho de 2010
quinta-feira, 10 de junho de 2010
esperança do caboclo
pelos caminhos trilhados
segue o caboclo calado
segurando os calos nas mãos
descansando a enxada no ombro
o chapéu de palha furado
ainda o protege dos dias ensolarados
árduos
só
pisando em pele de boi morto
carrega mais os pés
a terra vermelha é castigada
nas enxadadas
seca a alma e tudo o que há por dentro
água não tem
chuva não vem
semente plantada
acredita, um dia, vê-la enraizada
no retorno à casa
avista a vaca Esperança
magra e morta
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