sexta-feira, 26 de setembro de 2014

preciso descansar

estou cansado
farto
meu corpo
minha alma
doem

meus braços e ombros
pesam
as pernas dobram
o peito não aguenta

Deus,
por que tudo é assim?

tenho a cabeça confusa
a martelar nós
a apertar pregos
a atar parafusos

é altura do descanso
que descanso?
isso é piada
de gosto nenhum

preciso de mim
inteiro
verdadeiro
livre do mau
longe do ruim

pulsa uma vida
outras esvaem
é a relação do outono
com as folhas que caem

limparam a mesa
onde eu estava
a sujar com palavras
pela mente ditadas

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

terra estrangeira

meu coração
bate desorientado
desmundo
desnudo

o que fazer?
ver o mar
ir às montanhas
voar

a consciência por aqui
cobra ainda mais o existir
o que ter
quem ser

tudo o que se preza
numa reza
numa perda
num ganho

por enquanto
engano
desaponto
nego

estou assim 
é assim
coisas e causos
numa terra sem fim

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

misantropo

não me vejo noutro
noutro canto há outro
só aperto as minhas mãos
pela aversão
quando as lavo
pareço sentir-me longe
daqueles com os quais
talvez entender-me-ia mais

terça-feira, 2 de setembro de 2014

compromisso

vamos embora
a vida livre é relógio sem ponteiros
não tem hora
é barriga depois do almoço
não tem fome
é sede depois de esvaziar a garrafa
anda
deixa essa segunda
porque a primeira começa agora