terça-feira, 29 de maio de 2012

tempo perdido

perdoai-me, ó vida
se te deixei despercebida
a culpa foi toda minha
estava a dormir quando não devia
os teus encantos ignorei
com os olhos tapados
enxerguei apenas o que queria
não sinto falta do não-visto
haja visto toda a tua beleza
mas cabe a mim um pedido de desculpas
para amenizar a tristeza

à deriva de mim

solto ao mar
não espero solidão
muito menos companhia
desejo encontrar
quem eu mais ignoro

cotidiano

alguns instantes
quando não absorto
ou finjo morto
um pássaro voa à frente
flores vermelhas desbotam
um beijo
mãos dadas
nuvens diluem-se
em cima de tudo e todos
à noite desligo-me
ao ligar a TV

contra o tempo

percebo o dia
quando avisto a imensidão do Sol poente
e a noite a chegar

amanhã não se perderá um segundo
juro
porque não sei quando tudo terminará

da vida

árvore da vida
dê-me os teus frutos
para eu plantar a semente
(entendo melhor)
depois do choro
o ciclo seguir-se-a em frente

domingo, 6 de maio de 2012

carrossel

por que insistes em girar os cavalos?
onde estão as crianças?
não bastam as luzes ou sons
sem elas tu não tens sabor
não tens vida
nem cor

padeces com as lembranças
vai e vem
esperança
somente a memória
a cavalgar em ti

partida

pelos caminhos da vida
caminhei com despedidas