terça-feira, 9 de março de 2010

beleza nas ruas

Pelas ruas desamparadas do centro da cidade, há desamparados vestindo ternos e gravatas em tons bordô. Há os, assim classificados, sujos e malvestidos. É difícil identificar o ponto em que todos se encontram. A conexão. Não sei, realmente, se estão desacolhidas. Os aparelhos celulares dividem conversas, separam pessoas. Alheio a isso, não há o que dizer sobre as passadas calmas de um velho. Se conseguisse andar mais depressa, assim o faria. Faz pensar: até que época da vida acelerou o tempo? Ironia. Contar os segundos e perder-se. Um casal se beija. Lábios nus em corpos com roupas de inverno. Chove dentro do peito. Faz sol na face dos amantes. As pipocas brotam das mãos do vendedor de jaleco branco. Brancas e vermelhas. Quentes e úmidas. A chave de casa prendeu-se à fechadura. Tenho um nome e uma foto 3x4 estampada num documento, perdido no criado-mudo. Um rapaz muito sério usava camiseta escrito "smile". Eu ri disso. Uma guria passeava de mãos dadas com sua boneca de pano. A vida é bela. Bela para ela, para mim. Bela em vinte segundos.

Nenhum comentário: