terça-feira, 4 de dezembro de 2012

volta

você está aí? meus olhos lacrimejam a tua falta. meu coração palpita mais forte com o cheiro das roupas deixadas no armário. é como se ainda estivesse cá. não consigo entender porque tudo isso aconteceu. não era para ser assim. não era. foi um erro. vários erros recorrentes, quero dizer. essa conversa comigo não rompe a minha solidão. onde você está? queria que estivesse comigo. naquela noite, em que partiu, preferiria estar só. mas a raiva já passou. como sempre passa. e você não voltou. não voltará? pensei ser apenas mais um dos desentendimentos corriqueiros. estou cansada de mim. cansada dessa solidão. a casa está grande. o quarto, infinitamente maior. a cama, um abismo onde me jogo. erros são comuns. difícil mesmo é acertar. não posso agradar mais aos outros do que a mim. sei. preciso ser mais tolerante. menos egoísta. você precisa tantos tudo também. quando voltar, se é que volta, vai ser como antes. também já prometemos o antes outras vezes. o antes. agora estou só. só e triste. é um vazio grande. imenso. incalculável. imensurável. a falta de você. o mundo é bem mais complicado sem a tua presença. não enxergo graça se não tiver os teus olhos. não há sabor sem a tua boca e língua úmidas. não há. sobra tanto café. não aprendi fazer na medida para um só. trago o pão doce da padaria. eu não gosto. você adora. jogo-o fora à noite, quando retorno do trabalho. foram anos na mesma rotina. não é possível mudar assim, de hora para outra. os teus pais devem estar felizes. acho que deva estar com eles nesse momento. os dois nunca aprovaram a nossa relação. estão felizes contigo aí? deixe-os com a velhice deles e o cão. volta logo. volta. tudo será como deve ser. seremos novamente eu e você. estou arrependida, Ana. volta.

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