quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

autoconhecimento

Viu as estrelas espalhadas num pequeno campo através das nuvens que cobriam todo o céu. Amargurou. Perfurou o orifício do olho com agulha. Todo o conteúdo celestial escorreu pela Terra. Era o fim daquele tempo. Um adeus. Tornou-se altivo pelo desejo de destruir uma beleza intacta. O poder do homem não deve ser maior do que a própria natureza. Desejou a chuva. Um deserto chuvoso. Desejou chorar enquanto as gotas grossas e frias o banhavam em seu mar interior. O líquido salgado saia de seus olhos e ardia. Arrependia-se de todo mal que fizera a si. Detestou sentir-se, mas, agora, nessas condições sentimentais à flor da pele, preferia a bênção de seus pecados a carregá-los em seu peito. Levantou enquanto caiam alguns pingos. Os últimos. As nuvens eram passageiras. Não bloqueariam a abóbada celeste pelo resto da noite. Ao trocar de roupa, decidiu mudar de vida. Daquele momento, desejava conhecer tudo o que estivera distante dele: ele.

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