quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

sobre tampas abertas e inícios

Tudo no lugar. Exceto a porta da sala fechada. Livro aberto no chão. Bloco de rabiscos liso e lapiseira com dez grafites. Uma xícara sobre a mesa. Os pés em cima da cama e chinelos deixados num canto, de ponta cabeça. Varal abandonado pelos pregadores. Açucareiro tampado. Tolha de mesa sem mágoas de café. Amanhã, vou para o trabalho à pé. Deixar as janelas fechadas. Promessa. O céu apresenta nuvens carregadas. Encerei o chão da casa e a chuva deseja molha-lo aos beijos. Minhas plantas estão debaixo da pia porque sua beleza me encanta. O seu silêncio me intranquiliza. Não tenho aquário e meus peixes não morrem. A viola está sem cordas. Assim, não há risco com os acordes. Nem composições, nem melodia. Sequer assobio. Decomposição da memória. Que dia é hoje? Meu nome? Endereço? Se houvesse espelho. Se visse minha imagem polida, me assustaria? Não há partida. Do contrário, viria o medo partido. Partindo-me. Sal em excesso aumenta a pressão. Pessurizado viajo de avião. Altura e vertigem. Fuligem em demasia. Não pedalo minha bicicleta. Há dois meses não chegam cartas. A caixa de correios não é aberta, pode haver sinais de algum passado. Perco o presente imaginando futuro. Camiseta branca. Sem erros na lavagem cores vivas mancham. Um "viva" para as tampas abertas. Do vazo, lixo, caixa d'água, do refrigerante. Excitante busca duma rotina descumprida. Ao avesso desconheço. Reconheço, renomeio, endireito, norteio os passos da vida.

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