sexta-feira, 14 de maio de 2010

Depressa demais para contar nessa história

Mesmo se você correr, Dudu, não vai acelerar o tempo. Uma frase que ouvira da mãe desde a adolescência, quando pensava, naquela época, que fazer tudo depressa faria com que os dias fossem consumidos mais rápidos. Era a vontade de chegar à fase adulta. Era a vontade de alcançar todos os desejos e sonhos daquele mundo: o mundo dos mais velhos. Quando chegou a essa etapa, Du pensara em todo o tempo, ou melhor, do pouco tempo que empregou aos minutos de sua vida. Era tudo muito rápido. Tudo muito enjoativo. As coisas foram acontecendo sem ao menos perceber o despercebido. Sem tempo para brincar com o filhote de labrador que ganhou do pai. Morreram, pai e cachorro, há anos. Sem tempo de ver a mãe com o rosto juvenil sorrir para ele, antes de ir para o trabalho. Com a maior distração, quase não escutou o sim da esposa na hora do casamento. Os filhos vieram depressa e cresceram mais depressa ainda. Senhor Eduardo chegou aos 88 anos, e só agora notou que já está velho.

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