terça-feira, 11 de agosto de 2009

olhos de vidro

O velho cego pede esmolas dentro do coletivo. No coletivo se pensa só. A companheira dele recolhe o dinheiro. Pouco. Barganha ruim. Saltam. Chega outro ônibus. Embarcam. Está cheio. Mais pedidos. Música de gaita. Nova coleta. A visão da mulher parece deixá-la cega. Nessa viagem, a quantia foi maior. Isso é o que importa. A oratória e a retórica daquele senhor, que parece se fazer de vítima, lhe vendem a vida. Suas palavras não saem da minha cabeça. Um salmo fácil de decorar: "... o Senhor é meu pastor e nada me faltará...". Agradece, abençoa e vai. Tive a sensação de ter olhos de vidro.

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