quarta-feira, 4 de novembro de 2009

excerto

Pétala amarela. Chão verde. Quadrados brancos. Quadrados pretos. Lentes arranhadas. Meus óculos manchados deixaram a minha vista cansada. Cansei do amarelo das flores penduradas nas folhas verdes. Lá, no alto do velho tronco em frente a velha casa. O gato mirava o pássaro, que partiu rapidamente para o voo. Fuga. O gato ficou com cara de bobo. Que bobeira a minha, meu senhor. Trocar o amarelo pelo lilás das flores do jardim da praça. Visão rasteira. O censor rasteia aquilo que outrora permaneceu como fragmento da vida. As lentes não enxergam por mim. Sem elas, turvo trechos do cotidiano. Excerto a imagem real. Projeto o surrealismo. Vejo as mãos saírem dos quadrados. As pétalas sorriem. O gato deixa o pássaro e arranha o vidro preso nas armações de meus pensamentos.

Um comentário:

carolina disse...

Muito bom..estava sentindo falta dos seus textos! Eles me inspiram.

Abraço.