domingo, 22 de novembro de 2009

diversão no quadro

Está olhando para mim. Viro o rosto para disfarçar, mas não há parede que me cubra. Nem de concreto. Nem de ferro. Dentro da caixa ela está. De corpo de vidro contraste excessivo. Ela é de vidro. De vidro como a caixa. Minha mente reflete o meu reflexo refletido no falso interior. No vazio. Estou reflexivo. Nada de novo. No momento, apenas um novo canal. Mais vitrais se movendo em direção ao mundo real. Na TV, muita coisa é imaginária. Artificial é o modo de pensar sobre os artifícios do aparelho. A diversão do domingo da família do Manoel. Depois do almoço, o jogo. E esfera. E daí por diante. Não consigo enxergar o que tu queres que eu sinta daí de dentro, aqui por fora. A imagem está mais dautônica. Posso perceber a leveza da apresentadora velha. A leveza em dizer tolices e manter-se sorrindo. É o reino da agonia. Se as câmeras fossem vivas sentiriam vergonha? De mim? De quem? Alguém dá mais pelo menos que se dá? Um pássaro pousou na janela. Liberdade à memória vitrificada, com asas e moldura pintada de branco fosco.

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