terça-feira, 22 de dezembro de 2009

diálogo com o sono, sobre ele e o cansaço de noites mal dormidas

Andei por aí sem saber em que pensar. Afrontei-me com as possibilidades, diversas, de poder fazer o que bem entender. Atravessei a rua e permaneci no mesmo estado. Insólito. Toda via é via de mão dupla. Todavia não necessária. O acaso apertou a minha mão direita. Quis acordar alguém dormindo na sala de jantar. Olhos fechados. Assim foi, durante a noite que dormira debruçado sobre a pilha de livros. Tentara descansar sobre as palavras. Sobre a biografia de cada autor. Toda obra é um tanto da vida e do imaginário de quem a escreve. A situação ficou calamitosa quando resolveu tomar um copo com água. Isso o irritou porque não sentia sede. O dia estava clareando. Pelas frestas da janela do quarto, manchas vermelho-alaranjada tingiam a parede lilás. "É hora de acordar", dizia a gravação vinda do aparelho celular. Abriu os olhos lentamente. Sentiu o calor de uma noite. Calor de sonhos que adoram pregar peças. Calçou os chinelos e um shorts puído. Foi até a cozinha. Esquentou água e dissolveu um sachê de chá de camomila. O descanso o cansa ainda mais. A ducha fria o despertou. Havia, ainda, todo um dia de trabalho pela frente. E pensar em permanecer com colegas bem humorados não dificultava a labuta. Isso, se fosse verdade. Na repartição pública era outra noite de pesadelos. Ou melhor, pesadelo de olhos abertos. Vista grossa para as contas. Tudo visto e palpável. Intragável situação. E assim foi assim até às 18 horas. Por volta das 22 horas, quando já em casa deitava em sua cama, o ciclo se iniciava. As olheiras mais profundas. Ânimo faltando na vida desse homem. Coisa de noites ruins. De vida ruim. Solidão é um prato vazio para quem o deixa cheio.

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