sábado, 19 de dezembro de 2009

obras

Envergando-me do vento que barbeava meu rosto, segui pela calçada. Pensei nesse um quanto de século vivido e percebi juventude e infância ainda presentes. Mesmo com tantos buracos no caminho e minha cara fechada, acreditava na mudança. Qualquer mudança é possível, meus senhores. Tropecei mais uma vez num buraco de aproximadamente dez centímetros. A vida é bem mais profunda do que isso. Precisei rir. Rir de tudo. Rir e sorrir para aquilo que achava válido. Ontem eu li que a verba para reforma do pavimento de pedestres em todos os bairros da cidade foi liberada. Espero, ansioso, que as obras comecem pela minha rua. Do contrário, não poderei seguir em linha reta; apenas em frente. As linhas retas não são agradáveis. Posso dizer que são nauseantes e monótonas. Acho que escreverei uma carta para o setor de obras e serviços públicos da prefeitura para deixarem a calçada como está. Algumas modificações alteram demais o curso natural da vida. Andar sem titubear. Apenas andar e seguir.

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