quarta-feira, 30 de setembro de 2009

estrelas de chuva no parabrisa

De dentro do carro, eu vi estrelas alternando a cor. Verde, vermelho, amarelo, branco. A chuva, com a sua intensidade, ora calma ora bruta, formava os pequeninos asteróides de água que iam de encontro ao parabrisa. Era a dança do universo. Se espalhava por todo o perímetro do vidro. Explosões multicoloridas. Cada partícula se despedaçava rapidamente e enchia de beleza o interior do veículo. Vi o céu bem de perto. Toda a negrura. O vaivém do limpador empurrava todo o líquido cósmico para o asfalto. A poça furta-cor de óleo parece o mistério do caleidoscópio. Um dos brinquedos favoritos na minha infância. Era água com derivados de petróleo. Descobri. É o fim daquele mistério. Visitei o céu muitas vezes por um orifício. Tinha meu céu todo para mim. As estrelas psicodélicas e nuvens com vértices arquitetônicos. Agora, a barreira criada pela fase adulta pode me impedir de desfrutar as belezas relembradas nesse vidro beijado por estrelas criadas por minha imaginação. Estrelas feitas de água que sobe e desce. Eu vi. E continuo a ver.

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