sábado, 19 de setembro de 2009

afobação

Esse ar quente e úmido, sufocante,adentra pelas narinas. Segue até os meus pulmões. Seca as vias respiratórias. Sigo caminhando lentamente. Os carros arrastam a sujeira encostada na guia e uma cortina preta me cobre. Tusso. Ou tento tussir. Tenho sede. Não tenho água. Tomo minha condução. Por alguns segundos, as pessoas me olham. Procuram algo em mim. O que posso oferecer a elas? Sorrio largamente. Não sei se me retribuem. Sento. Abro meu livro. "O homem não foi feito para a derrota. Um homem pode ser destruído, mas não derrotado", escreveu Ernest Hemingway. Sim, ele escreveu. Está em "O Velho e o Mar". Também tenho minha ligação com o mar. O cheiro e a película da maresia me acalmam. Concentram-me em mim. Me transportam para outra dimensão; um mundo diferente. Um lugar onde existem apenas as pessoas e as "coisas" que amo. Coisa é uma palavra feia. Parece designar algo feio. O mar, agora, está a poucos quilômetros. Mas, distante. Hoje, estarei mais próximo das rochas verticais. Frias. Lugares bastante habitados e cada vez mais sem vida. Aglomerado de almas se misturando sem "bom dia" e nomes. Apenas números. O vizinho do 42. Parecem produtos fabricados em série, codificados. Código de barras. 9788528607598. Salto do ônibus e, para minha surpresa, o céu ainda está claro.

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